domingo, 19 de fevereiro de 2012

Perfil de Graça Foster, crachá número 1 da Petrobras


FOTO: Carlos Magno
FONTE: Folha de São Paulo (Denise Luna e Italo Nogueira)








A jovem Gracinha curtia festa, era brincalhona e fazia rir as colegas de faculdade. A executiva Graça assusta subordinados com calendários, broncas e rigidez. As duas têm agora algo em comum.
Personagem principal nas peças de teatro do colégio na década de 60, Maria das Graças Silva Foster, 58, agora é protagonista na Petrobras.
Para chegar ao topo da maior empresa do Brasil, Graça, como hoje gosta de ser chamada, fez uma trajetória sob a marca da rigidez.
Isso fica evidente ao entrar em sua sala no 23º andar do prédio na avenida Chile, centro do Rio. Num imenso calendário, ela faz os gerentes escreverem a data exata em que entregarão as obras.
Quando o prazo é cumprido, o dia ganha fotografia e discreta comemoração. Quem não respeita os prazos se arrisca a ser remanejado.

"Ela é rígida, mas fala sinceramente que a pessoa não está rendendo e remaneja para outra função, explicando exatamente por que isso está acontecendo", disse o diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia, Jean-Paul Prates.

Apontada pelo jornal inglês "Financial Times" como uma das 50 mulheres em ascensão no mundo dos negócios, Graça apresenta resultados. Sob sua gestão, a diretoria de Gás e Energia da estatal passou de prejuízo de R$ 1,3 bilhão em 2007 para lucro de R$ 3,1 bilhões em 2011.
Decisões heterodoxas auxiliaram os êxitos da gestão. Para acelerar a conclusão de um gasoduto, decidiu enterrar o equipamento que fez a perfuração dos túneis em vez de desmontá-lo, o que atrasaria a obra em 104 dias.
O enterro da Anita, como a máquina era chamada por Graça, acelerou a obra e cumpriu os prazos estabelecidos.
Primeira mulher a comandar uma petroleira, estar quase solitária entre homens não é novidade para Graça. Formou-se engenheira química em 1978, na UFF (Universidade Federal Fluminense), em Niterói, com 42 homens e somente outras sete mulheres.
Incentivada pelo professor Egil Wagner Monteiro, Graça entrou na Petrobras como estagiária nesse mesmo ano: "Era uma aluna brilhante e foi uma estagiária brilhante. Sempre foi competente e estudiosa, muito dedicada".
Mineira de Caratinga, Graça nasceu em 1953. Aos dois anos, foi para o Rio. Viveu no morro do Adeus (zona norte), disse em entrevistas. No Complexo do Alemão, não há memória de sua passagem.
Em conversa com um assessor de ministro, no ano passado, contou que a mãe, Terezinha Pena Silva, era "paupérrima" e que vendia "umas coisas" para ajudá-la no sustento da casa. Diz-se que foi catadora de papel.
Graça deixa claro que a "vida particular se adapta à Petrobras", como disse à "Prata da Casa". Chega às 7h30 ao trabalho, sem hora para sair.
De estagiária a presidente, Graça definiu à publicação da UFF a sua trajetória: "Eu poderia dizer que [entrar na Petrobras] foi um sonho, mas, na verdade, foi um acerto".

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